A “pesquisa de campo” é um método qualitativo de pesquisa realizada no contexto e localização do usuário. Com a pesquisa de campo, você consegue aprender o inesperado saindo do escritório e observando as pessoas em seu ambiente natural.


O métodos de pesquisa tem como objetivo, aprender sobre os usuários, seus objetivos, desafios e atividades, e por trazer esse entendimento para a empresa. Dentre os diversos métodos, os feitos em laboratório podem ajudar apenas na medida em que você faz as perguntas certas e procura nos lugares certos os dados certos. 

O estudo de usuários e tarefas em contexto pode informar as decisões de design e focar nos resultados, não nas features. Por isso, quando você notar lacunas no seu conhecimento ou entendimento, talvez seja hora de sair do escritório e investigar, observar e aprender. É ai, que a Pesquisa de Campo entra em cena.

O que é a “Pesquisa de Campo”?

 

A “pesquisa de campo” é um método qualitativo de pesquisa realizada no contexto e localização do usuário. Com a pesquisa de campo, você consegue aprender o inesperado saindo do escritório e observando as pessoas em seu ambiente natural.

Ao contrario de outros métodos de pesquisa, existem diversos tipos diferentes de Pesquisa de Campo, variando muito em termos de como o pesquisador interage (ou não) com os participantes. 

Algumas pesquisas de campo são puramente observacionais (o pesquisador fica em silencio e somente assiste ao usuário), outros são entrevistas nas quais as perguntas evoluem à medida que a compreensão aumenta, e alguns envolvem a exploração de protótipos ou a demonstração de pontos problemáticos nos sistemas existentes.

Exemplos de pesquisa de campo incluem:

  • Testes flexíveis de usuário em campo. Esse método combina os testes de usabilidade com entrevistas adaptáveis. Entrevistar pessoas sobre suas tarefas e desafios fornece informações muito ricas, enquanto em uma entrevista adaptável, você refina as perguntas que faz enquanto aprende.
  • Visita ao cliente. As visitas podem ajudá-lo a entender melhor os problemas de usabilidade que surgem em contextos específicos do setor ou de negócios ou aqueles que aparecem em uma determinada escala.
  • Observação direta. Esse método é útil para realizar pesquisas de design nos processos do usuário. A observação direta também é excelente para aprender o vocabulário do usuário , entender a interação das empresas com os clientes e descobrir soluções comuns – por exemplo, ouvindo as chamadas de suporte ou observando a equipe de vendas e os clientes nas lojas.
  • A pesquisa etnográfica. Coloca o pesquisador no contexto dos usuários como um membro do grupo. A pesquisa em grupo permite que você obtenha informações sobre modelos mentais e situações sociais que podem ajudar produtos e serviços a se encaixarem na vida das pessoas. Esse tipo de pesquisa é particularmente útil quando seu público-alvo vive em uma cultura diferente da sua.

A pesquisa de campo geralmente é feita com um dos seguintes objetivos em mente:

  • Reunir informações das tarefas. Você pode descobrir como as pessoas fazem as coisas hoje e por que as fazem de maneiras específicas, antes de propor algo novo. A pesquisa inicial de design pode ajudar a evitar grandes erros ao criar produtos e serviços.
  • Entender as necessidades das pessoas e descubra oportunidades para resolvê-las.
  • Obter dados para mapas de jornada, personas , casos de uso e histórias de usuários. As pesquisas de campo te ajudam você a entender seus usuários em profundidade, para que você possa descrevê-los melhor para sua equipe.
  • Um ambiente de teste com ambiente realista. Você pode descobrir defeitos sociais e entender fatores ambientais antes de lançar produtosA pesquisa contextual ajuda a descobrir coisas que você não saberia perguntar, como problemas que surgem quando novas ferramentas ou processos são introduzidos nas práticas de trabalho existentes.

Quando realizar uma “Pesquisa de campo”

 

Quando falamos de pesquisa de campo, elas podem ser aplicadas em diversas situações e como visto anteriormente, com diversos objetivos. A lista abaixo enumera alguns bons motivos para executar uma pesquisa de campo:

  • Quando você precisa de informações gerais. As pesquisas de campo podem ser feitos a qualquer momento, mas geralmente faz sentido antes do início do design (ou redesign), porque essas pesquisas podem levar a mudanças fundamentais no entendimento de seus usuários e alterar o que você projetaria para eles.
  • Quando você não conhece o suficiente sobre seus usuários reais ou potenciais.
  • Quando você precisa entender como as pessoas fazem seu trabalho. Além de entender como fazem o trabalho, é importante entender como configuram seu ambiente para dar suporte a suas tarefas. Observar as pessoas realizando atividades pode esclarecer o que as pessoas realmente fazem vs o que elas dizem que fariam. As pesquisas de campo que se concentram em tarefas específicas ajudam os pesquisadores a aprender como melhorar a experiência de realizar essas tarefas.
  • Quando você não conhece o suficiente o contexto de seus usuários. Nesse caso específico, temos 2 situações de contexto que podem ser diferenciadas:
    • Contexto cultural: por exemplo, seus usuários podem morar em uma região ou país diferente, e por isso, você vai precisar ter uma imersão nessa cultura.
    • Contexto de uso: seus clientes podem estar usando a interface ou se envolver em um comportamento de interesse em um local ou circunstância difícil de replicar no escritório (caminhando, no supermercado, etc). Observar as pessoas em seu ambiente natural permite que você aprenda o inesperado e entenda como os sistemas funcionam quando as pessoas estão distraídas, em locais barulhentos e em situações normais para elas.
  • Quando você precisa entender como os grupos de pessoas se comportam. Por exemplo, para descobrir como eles colaboram e se comunicam, ou para observar as pessoas usarem sistemas, fluxos de trabalho e ferramentas juntos. Com muitas pessoas envolvidas, você pode observar uma ampla gama de comportamentos, conhecimentos, experiências e preocupações (e claro, como criar um melhor produto para isso).
  • Quando seus participantes não podem viajar para o seu local. Por exemplo, talvez você precise ir aonde os usuários estão quando realiza pesquisas com pessoas com problemas físicos, disponibilidade limitada (médicos ou outros que não podem deixar o trabalho) ou crianças na escola.
  • Quando a pesquisa de laboratório pode influenciar seus resultados Esse é um ponto bem importante e delicado. Por exemplo, como nem todas as tarefas podem ser realizadas em um escritório, esse contexto é muito irreal, intimidador ou exclui as pessoas que você deseja observar. Ambientes familiares são frequentemente preferidos porque se aproximam mais das condições naturais do usuário.
  • Quando você precisa trabalhar com sistemas que não pode acessar no escritório. Como por exemplo equipamentos especializados (qualquer que seja de escavadeiras a navios de guerra) ou sistemas seguros.

Quando utilizar outros métodos

 

Se o budget para pesquisa não fosse um problema, provavelmente todos nós faríamos muito mais pesquisas de campo. Infelizmente, os métodos de campo não se tornaram mais baratos na mesma proporção que outros métodos de usabilidade e podem ser um desafio para o orçamento ou o cronograma. 

Dica de leitura: quando falamos de budget para pesquisa, muitas vezes esta alinhada ao nivel de maturidade em design que sua empresa possui.

As pesquisas de campo ainda valem a pena, quando por exemplo, você está pesquisando como e se deseja criar um novo produto, mas é melhor reunir o máximo de dados possível com métodos mais baratos. Além dos motivos de restrição de recursos, você pode optar por ficar de fora do campo em outros situações, como:

Pesquisa no laboratório ou escritório

Às vezes, é melhor realizar pesquisas pessoalmente em salas de conferências ou outros espaços que não são onde as pessoas normalmente realizam a atividade que você deseja estudar.  Por exemplo: Quando o que você está testando ou pesquisando é

  • Particularmente confidencial;
  • Sensível ou privado; 
  • Quando você tem muitos observadores para as sessões de pesquisa; 
  • Quando você precisa gravar, mas não pode fazer isso onde os participantes trabalham; 
  • Quando você estiver testando sistemas ou protótipos;
  • ou quando o foco da pesquisa está principalmente na usabilidade do sistema , e não no contexto, natureza e situação das pessoas.

Pesquisa de usabilidade remota e assistida

A pesquisa UX pode obter algumas das vantagens das pesquisas de campo realizando pesquisas ao vivo, usando várias ferramentas audiovisuais, com participantes e facilitadores, cada um nos locais escolhidos. 

A abordagem remota e interativa geralmente pode ser mais barata e mais rápida do que estudos de campo ou de laboratório. Todos evitam viagens caras e demoradas para lugares desconhecidos. Estar em seu próprio espaço também oferece conforto, ferramentas familiares e conveniência.

Uma desvantagem da pesquisa remota é que você NÃO pode ver o que a câmera do usuário não mostra. Esse contexto ausente geralmente é importante quando você está tentando entender as pessoas e seu ambiente.

Estudos remotos e assistidos fazem sentido:

  • Quando seus participantes estão espalhados geograficamente , e viajar para se encontrar pessoalmente é muito difícil ou caro; 
  • Quando é importante obter respostas específicas de forma rápida e barata, e você já entende as pessoas, tarefas e contextos em profundidade ; 
  • Quando você precisar realizar algumas sessões de cada vez , por exemplo, ao testar designs iniciais com apenas alguns usuários para cada iteração.

Etapas para realizar uma “Pesquisa de Campo”

Etapa 1 – Faça um plano de pesquisa

A primeira coisa que você perícias fazer é um plano de pesquisa. Criar um plano te ajuda a estruturar seu pensamento em torno da atividade de pesquisa. Além de manter os stakeholders envolvidas e informadas, reduzindo a necessidade de chamadas e reuniões.

Um plano de projeto de pesquisa é um documento vivo que é compartilhado e atualizado conforme necessário. Após seu estudo, edite o plano para servir como registro de seu método de pesquisa. Os planos tiram o trabalho de sua memória limitada e fornecem um local conveniente para controlar os muitos documentos gerados por cada projeto.

No início, o plano de pesquisa deve incluir não apenas as informações necessárias durante as sessões de estudo reais, mas também várias informações que a equipe pode fazer uso de antemão. A maioria dos planos deve cobrir:

  • Objetivo do plano;
  • Informações sobre o que você fará pesquisas, como noções básicas sobre o produto, método e justificativa;
  • Objetivos do estudo de pesquisa;
  • Tarefas do usuário, métricas e metas de usabilidade, como tempo máximo na tarefa e outros critérios de sucesso (se aplicável);
  • Perfis de usuário (características dos participantes-alvo da pesquisa);
  • Questionário de triagem e plano de recrutamento (se aplicável);
  • Expectativas sobre entregas e prazos;
  • Equipe
    • Expectativas e funções
    • Listas de tarefas
  • Diretrizes para fazer anotações e perguntas para os observadores, incluindo como colaborar na coleta de dados eficaz sem influenciar as sessões;
  • Cronograma;
  • Roteiro do facilitador com perguntas para os participantes, incluindo cenários de usuário (se aplicável) e formulários de consentimento;
  • Informações de localização e detalhes de contato;
  • Configuração de teste, incluindo equipamentos e suprimentos;

• Etapa 2 – Localização: decida onde é melhor observar

Decida onde é melhor observar as pessoas em ação. Vá para onde é mais provável que seus usuários em potencial sejam encontrados: locais de trabalho, escolas, shopping centers, aeroportos e assim por diante.

Mas lembre-se, como citado anteriormente, pode existir alguma situação, onde ir até o ambiente do participante não é a melhor opção. Quando isso acontecer, você provavelmente vai realizar o teste remotamente ou no seu escritório/laboratório.

• Etapa 3 – Assistência: quando possível, trabalhe com um aliado

Quando aplicável, trabalhe com um aliado no local. Por exemplo, ao visitar uma empresa, você pode precisar de ajuda para recrutar, programar, lembrar, premiar e dar instruções aos participantes. Um auxiliar no local pode acompanhá-lo, apresentá-lo e ajudá-lo com problemas de equipamento ou espaço. Pode ser necessário obter permissão prévia para realizar pesquisas em espaços públicos ou comerciais.

Dica: Quando souber o perfil dos participantes, ambiente que quer analisar e contexto ideal para a pesquisa, entre em contato previamente, e combine tudo com seu Champion no local. (inclusive comunicando premiação e ou pagamento prévio para estimular os participantes).

• Etapa 4 – Participantes: escolhe os mais apropriados

A parte mais importante e não por coincidência, a parte onde as pessoas mais comentem erros em qualquer pesquisa (quantitativa ou qualitativa) é na escolha de participantes que NÃO representam sua persona. Dessa forma, estude previamente as pessoas que são representativas de seus públicos-alvo e avise ao seu Champion local que recrute quem se enquadra nesse perfil

Importante: Dependendo do método de pesquisa usado, pode ser necessário um recrutador profissional ou um membro da equipe para ajudá-lo a rastrear e agendar pessoas.

• Etapa 5 – Observadores: permita stakeholders como acompanhantes

Embora muitas vezes seja estrategicamente importante e desejável envolver os stakeholders na observação da pesquisa do usuário , nem sempre é possível na pesquisa de campo.

Às vezes, os observadores não se encaixam no espaço, tornam a situação da pesquisa muito intimidadora ou criam uma situação estranha para os usuários. Quando isso acontece, você não consegue observar o comportamento mais natural e pode não obter as informações sinceras que precisa.

Muitas vezes, quando estamos criando um produto B2B com certo nivel de sigilo, os pesquisadores externos não podem ser deixados sozinhos com os participantes; portanto, os observadores devem estar presentes. 

E lembre-se, Os observadores também podem precisar de orientação sobre como observar e como ajudar a coletar dados , para que não se comportem mal.

Dica final: Um lugar para sentar, conversar e trabalhar com as questões levantadas em seus interrogatórios também é importante para uma boa experiência dos observadores.

Conclusão

 

Quando você encontra problemas ou comportamentos que você não entende em relação aos produtos ou serviços existentes, as pesquisas de campo podem ajudá-lo a dar um passo atrás e encontrar uma nova perspectiva, a fim de corrigir seus próprios modelos mentais .

Fazer pesquisas onde as pessoas estão pode ser crucial para entender se novos produtos e serviços ajudarão, atrapalharão ou serão insuficientes para as pessoas que você pretende ajudar. Separe as premissas e permita que os insights reformulem o que você está criando e como isso afetará as experiências das pessoas para as quais você está projetando.