Todo estudo de usabilidade é diferente, dependendo de suas metas e restrições específicas. Mas uma coisa é comum em todas as pesquisas de usuários: mesmo que os métodos básicos sejam fáceis de aplicar , se você não se preparar para o estudo de usabilidade, não terá um retorno quase tão alto quanto seu investimento em pesquisa. 

Dica de leitura: como saber qual o seu nivel de maturidade em UX

Abaixo está uma lista de atividades a serem consideradas ao planejar um estudo de usabilidade.

9 dicas para se preparar para o estudo de usabilidade

1. Defina objetivos para o estudo

Para todo estudo de usabilidade é importante definir antes de mais nada o que você quer descobrir, por isso reúna-se com os stakeholders para determinar o que elas querem aprender, as perguntas que possuem, preocupações, áreas de interesse e objetivo da pesquisa. 

Os objetivos determinarão qual metodologia de pesquisa de experiência do usuário escolher .

Os estudos de usabilidade são adequados para coletar dados comportamentais qualitativos ou quantitativos e para responder a perguntas relacionadas ao design (por exemplo, o conteúdo é apresentado de uma maneira fácil de encontrar e entender? As pessoas podem concluir uma tarefa com êxito?). 

Mas não se comprometa com muitos objetivos! para cada pergunta adicional que você deseja responder, a qualidade de suas idéias sobre os outros objetivos de pesquisa cairá. Você tem muito tempo com os usuários, aproveite ao se concentrar nos objetivos de pesquisa que realmente irão aumentar o ROI do seu produto.

Nota: Se seu objetivo é coletar feedback atitudinal , considere métodos de pesquisa alternativos mais adequados para esses fins.

2. Determine o formato e o cenário do estudo

Saber o formato da sua pesquisa é tão importante quanto a pesquisa em si. Abaixo listo algumas cenários para você considerar:

Laboratório vs Campo: você deve realizar o estudo em sua empresa ou precisa ir ao local do participante? Por conveniência, a maioria dos estudos de usabilidade presencial é realizada internamente, em laboratório. No entanto, se o ambiente real dos usuários for crítico ou se for difícil representar a configuração dos usuários, o esforço gasto pode valer a pena.

Moderado vs Não moderado: os estudos moderados tendem a fornecer insights mais ricos sobre o design e oportunidades para investigar e pedir esclarecimentos. Eles também são uma fonte melhor de comentários abertos dos participantes. Estudos não moderados podem ser mais baratos e mais rápidos.

Pessoalmente vs a distância: Faca estudos presenciais sempre que possivel. Quando você está junto dos participantes, a interação é mais agradável e você é capaz de detectar dicas sutis, como a linguagem corporal, mais facilidade. Dito isso, as vezes os testes presenciais podem não ser viáveis – você pode não ter orçamento para ir até o local, ou sua estrutura é Ágil, não sendo adequada para longos estudos.

3. Determine o número de usuários

Para estudos qualitativos tradicionais, ao invés de testar com várias pessoas (o que vai aumentar muito seu custo), faça vários testes com um número reduzido de usuários, estudo confirmam que 5 participantes é o ideal na relação investimento/ROI.

Se sua pesquisa envolve mais de um grupo de usuários-alvo, pode ser necessário ajustar o número de participantes de 2 a 5 por grupo, dependendo do nível de experiência e da sobreposição de atitudes entre os grupos.

Estudos quantitativos e visuais exigem um tamanho de amostra maior para um retorno com significância estatística – você pode precisar de pelo menos 20 a 30 participantes em cada grupo de usuários.

4. Recrute os participantes certos

Uma regra fundamental na realização de testes com usuários é obter participantes representativos. Os melhores insights são derivadas da coleta de feedback de usuários reais. Identifique as pessoas que correspondem a sua persona (se não for possível, tente reunir pessoas próximas ao seu publico demográfico ) e, em seguida, identifique características, atitudes e objetivos comportamentais que correspondem aos de seus usuários.

Importante: pedir que pessoas com perfil próximo ao que você esta buscando “imaginem” certos cenários, pode produzir resultados inválidos. Você pode ter alguma sucesso, mas para sites especializados, você deve encontrar as pessoas que se encaixam às suas circunstâncias exatas, especialmente quando testando locais ricos em conteúdo e sites de B2B.

5. Escreva tarefas que correspondam aos objetivos do estudo

Nos testes de usabilidade, os pesquisadores pedem que os usuários concluam atividades enquanto usam a interface. As tarefas geralmente são escritas na forma de cenários e devem corresponder aos objetivos do estudo. Os cenários podem variar de geral a específico e geralmente vêm na forma de dois tipos principais:

  1. Tarefas exploratórias: são tarefas abertas respondem a objetivos amplos, orientados para a pesquisa e podem ou não ter uma resposta correta. Essas tarefas são destinadas a aprender como as pessoas descobrem ou exploram informações e NÃO são apropriadas para testes quantitativos. Exemplo: “você está interessado em reservar férias para sua família. Veja se o site oferece algo que você possa atender às suas necessidades“.
  2. Tarefas específicas: são tarefas mais focadas e geralmente têm uma resposta ou uma resposta/objetivo corretos. Eles são usados ​​tanto para testes qualitativos quanto para os testes quantitativos. Exemplo: “encontre os horários de transporte do onibus de SP para o RJ durante o mês de agosto

Escrever tarefas sólidas é essencial para a realização de um estudo válido. Tarefas fortes são concretas e livres de pistas que possam estimular o comportamento das pessoas:

  • Instruções vagas podem levar os usuários a avaliar áreas que não são particularmente importantes para este estudo. 
  • Se houver dicas, como quando a tarefa contém a mesma palavra que na tela, a atividade não é mais um estudo de usabilidade, mas um jogo de correspondência de palavras.

6. Realize um estudo piloto

Depois de escrever suas tarefas, faça um estudo piloto para (1) ajudá-lo a ajustar a redação das tarefas, (2) antecipar o número de tarefas que você pode executar por sessão e (3) determinar a ordem em que apresentá-las. 

Os estudos piloto também podem ajudá-lo a refinar seus critérios de recrutamento, para garantir que você está testando com os participantes certos. É melhor detectar problemas mais cedo do que durante uma sessão, quando todos os olhos estão em você.

Dica: Os estudos piloto são ainda mais importantes ao realizar estudos on-line não moderados, porque você não está presente para fornecer esclarecimentos ou fazer correções se os participantes do estudo interpretarem mal as instruções ou as descrições das tarefas.

7. Decida coletar métricas

O principal objetivo dos estudos qualitativos de usabilidade é obter insights sobre o design e, com poucos usuários, é improvável que as métricas sejam representativas para toda a população de usuários. Portanto, medir a usabilidade NÃO é uma alta prioridade.(geralmente)

Mas, em um estudo quantitativo ou se você possui tarefas bem definidas e um número grande de usuários, essa etapa é importante. As métricas comuns de usabilidade são:

  • tempo na tarefa; o tempo total (e médio) que um usuario(s) levam para completar uma tarefa
  • classificações de satisfação; o nivel de satisfação na execução da tarefa. Dica: aqui você pode usar a Escala likert;
  • taxa de sucesso e taxa de erro; a taxa média de erro e acerto na execução de alguma tarefa.

Se você decidir coletar medidas subjetivas, como perguntas sobre facilidade de uso, satisfação sobre a execução da tarefa ou satisfação sobre o sistema, decida quando você fornecerá os questionários, cada maneira tem pontos positivos e negativos:

  • Após cada tarefa. A grande vantagem de fornecer o questionário no final de cada tarefa, é que você vai colher o feedback imediato sobre a experiencia. Outro ponto positivo é na ocasião de você possuir muitas tarefas para executar. Nesse caso, se deixar para o final, o usuário pode não lembrar exatamente da tarefa e o que sentiu. A grande desvantagem é também relacionado a quantidade das tarefas: se tiver muitas tarefas, perguntar no final de cada uma delas pode ser um pouco cansativo.
  • No final da sessão. Perguntado no final da sessão tem a vantagem de colher o feedback da experiencia geral do uso. O grande ponto negativo, é que se o usuário tiver executado muitas tarefas, ele pode esquecer de algumas delas e o pior, transmitir o que sentiu em uma situação as outras tarefas, tornando a experiência como todo negativa.
  • No final de cada tarefa e ao final da sessão. Eu gosto muito de combinar as 2 formas – perguntando ao final de cada tarefa sobre a tarefa. E ao final da dessão perguntando da experiência geral.

8. Escreva um plano de teste

Depois de descobrir como você conduzirá a pesquisa, documente sua abordagem em um plano de teste e compartilhe-a com os stakeholders principais. Este documento serve como uma ferramenta de comunicação entre os membros da equipe e um registro para estudos futuros. O documento não precisa ser longo, mas deve conter informações importantes, como:

  1. Nome do produto ou site em teste;
  2. Objetivos do estudo;
  3. Logística – hora, datas, local e formato do estudo;
  4. Perfis dos participantes;
  5. Tarefas que serão executadas pelos participantes;
  6. Métricas, questionários;
  7. Descrição do sistema (por exemplo, celular, desktop, configurações do computador);

9. Motive os membros da equipe a observar as sessões

Por fim, mas não menos importante, um dos grandes benefício dos estudos de usabilidade é promover a colaboração e a adesão entre os membros da equipe e os clientes. Nada é mais convincente do que testemunhar como os usuários respondem ao design da interface. 

Fazer com que os stakeholders observem sessões de teste estabelece um entendimento comum de todos, reduz a quantidade de tempo necessária para comunicar e documentar as descobertas. Além é claro, do meu prefiro – as pessoas gastam menos tempo adivinhando / debatendo e mais tempo projetando.

Convide os stakeholders e os membros da equipe e dê-lhes muitas razões para participar. (A comida é sempre um bom motivador!)

Realizar o estudo em um laboratório de usabilidade tradicional é o ideal, mas se os membros da sua equipe trabalharem em locais diferentes ou na situação que estamos vivendo na pandemia, utilize ferramentas de colaboração como o Mural.


Este artigo foi publicado na integra no site da nngroup. Você pode encontra-lo aqui.